FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE-FASE PSICOLÓGICA (EGO/CONSCIÊNCIA)

Personalidade, para falar com Syed, não define apenas os “traços” de alguém e, sim, o conjunto de aspectos que definem uma forma única de estar no mundo. Para a AP, esses aspectos poderiam ser resumidos em quatro pilares- 1) eventos previstos na espécie, 2) introjecção de modelos identitários e climas psicológicos (quando inibitórios: abandono, repressão, opressão, dentre outros, são bloqueados pela consciência); 3) influências culturais e 4) vivencias próprias. O desenvolvimento psicológico também pode ser dividido de outro recorte: Identidade infantil e Identidade Sexual (a partir da Puberdade). Trata-se perspectivas complementares para o mesmo fenômeno. A partir da segunda fase cenestésica, a chegada dos hormônios sexuais acrescenta à energia psíquica a qualidade de energia sexual. A energia psíquica, que já era atribuída de ação/agressividade e intuição/sensibilidade (elementos masculino e feminino, respectivamente) passa a ser experimentada e escoada por meio da erotização dos corpos[1]. A Identidade Sexual (IS) se desenvolve em 4 fases -Auto-sexual, Homossexual, Transição e Heterossexual- e pode ser resumida nos processos de Erotização e Idealização. A erotização promove o contato com o prazer no próprio corpo que, posteriormente, é direcionado para outros corpos. A idealização e responsável pelo direcionamento da fantasia erótica para outros corpos num processo que, se saudável e integrado, resulta em escolhas sexuais e amorosas autênticas. A idealização acompanha as quatro fases do desenvolvimento da I.S por meio das projeções:1) projeções em ídolos, na fase Auto-sexual- experimentação do erotismo no próprio corpo; 2) projeções em amigos/as idealizados/as (imagem especular). Essa é a fase do surgimento da privacidade/intimidade- experimentação do prazer no próprio corpo e compartilhamento com os iguais; 3) projeções em interações idealizadas- com corpos e sexos diferentes e/ou energias complementares. Se todas as etapas do desenvolvimento da I.S ocorrerem de forma saudável, os indivíduos estão prontos, em teoria, para sintonia sexual e erótica com corpos diferentes ou energias complementares (troca e intimidade erótica) [2]. Os ídolos cumprem papel psicológico fundamental: oferecem referências de como ser e se comportar eroticamente. Com isso, os adolescentes começam a se aventurar na exploração do prazer erótico e a criar referências e conceitos próprios (diferentes dos da família de origem), etapas necessárias para formação de uma identidade adulta pessoal e integrada. As influências culturais, por sua vez, estão presentes desde o nascimento e percorrem todas as interações. Quando são saudáveis, são facilitadoras do desenvolvimento criativo da criança. Se não forem saudáveis, inibem a espontaneidade. Alguns exemplos são climas tensos entre o casal ao longo da gestação que resultam em mamadas tensas ou climas de abandono/rejeição na fase cenestésica e modelos parentais rígidos ou climas sociais opressivos, durante a fase psicológica. Com efeito, as 4 dimensões formadoras da personalidade são intrinsecamente relacionadas. A distinção é didática. O objetivo é facilitar o entendimento dos impactos na eventual desorganização da personalidade. Preconceito e discriminação podem ser avassaladores e ter efeitos diversos de acordo com como o indivíduo reaja a eles. Uma das consequências graves desse tipo de clima é a vida sexual clandestina. Essas são, contudo, condições das quais o indivíduo tem consciência. Climas velados-hostilidades, indiferença- por sua vez, são ruins para além das razoes óbvias, pois o individuo não deixa de receber as cargas afetivas negativas, pelo fato de elas não serem explicitadas. Além disso, climas velados são ruins pela desestruturação emocional que geram criança (ambivalências e mensagens duplas[3] podem ter consequências em personalidades adultas hesitantes e inseguras). Climas introjetados de modelos identitários, por sua vez, se tornam parte/traço do individuo. Uma parte desqualificadora, massacrante e que ele não tem como se livrar porque desconhece ou não reconhece como sua. Justamente aí jaz a neurose.

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[1] Para maiores detalhes ver Ensaio 2 Sexualidade Identidade Sexual e Ensaio 3- Desenvolvimento da Identidade Sexual, in: www.ceciliapsicologa.org. Falando de Psicologia com Cecilia Leite. Bloco IV-Identidade Sexual., in YouTube/ www.ceciliapsicologa.org [2] Para maiores detalhes ver: ENSAIO 4- Bloqueios no desenvolvimento da Identidade Sexual, in: www.ceciliapsicologa.org. Falando de Psicologia com Cecilia Leite. Bloco V- Bloqueios no desenvolvimento da Identidade Sexual., in YouTube/ www.ceciliapsicologa.com [3] Esse tópico será desenvolvido na sequência.